Rivalidade sul-americana em Copas do Mundo

Postado em 10/5/2010 às 8:56 por Felipe Lobo
Final da Copa de 30: Castro marca para o Uruguai
Quando falamos em futebol na América do Sul, falamos em muita rivalidade. Isso porque o futebol é o principal esporte no continente e possui o torneio continental mais antigo do mundo. O Campeonato Sul-Americano existe desde 1916, quando foi disputado na Argentina, entre 2 e 17 de julho, para comemorar o centenário da independência argentina. Foi durante a competição, em 9 de julho – dia da independência da Argentina – que a Confederação Sul-Americana foi fundada.
O Sul-Americano é jogado antes mesmo da Copa do Mundo, que só veio a ser disputada em 1930. E era a principal competição das seleções no início do século. A rivalidade forte entre as equipes, especialmente Argentina, Uruguai e Brasil, datam já dessa época. Com a criação da Copa do Mundo, não tinha como ser diferente: cada encontro entre duas seleções da América do Sul ganha área de uma guerra – seja onde for que o jogo seja disputado.
Confira todos os confrontos:
Copa de 1930
18/julho: Uruguai 1x0 Peru (fase de grupos – grupo 3)
O primeiro confronto entre sul-americanos na história das Copas. O jogo valia pela primeira fase, que, nessa primeira edição, podia contar com dois times do mesmo continente – até porque a Copa foi para seleções convidadas. No total, 13 seleções participaram, sendo que sete delas sul-americanas. A partida foi jogada no estádio Centenário, em Montevidéu, e era a estreia das duas equipes na competição – e por consequência, o primeiro jogo das duas seleções em Copas do Mundo. O Uruguai venceu por 1 a 0, gol de Héctor Castro, que colocou o time no caminho da classificação.
20/julho: Brasil x Bolívia (fase de grupos – grupo 2)
A vitória por 4 a 0 pode não ter valido nada para a Copa, já que o Brasil acabou eliminado – a Iugoslávia venceu o Brasil e a Bolívia nos dois primeiros jogos e garantiu sua vaga, dois dias antes. Mesmo sem valer classificação, a vitória foi a primeira do Brasil em Copas do Mundo e com goleada. Moderato e Preguinho marcaram duas vezes cada para marcar os 4 a 0.
22/julho: Argentina 3x1 Chile (fase de grupos – grupo 1)
O jogo foi o terceiro de cada uma das seleções na Copa, ainda na fase de grupos. E era decisivo, porque os dois times tinham quatro pontos e quem vencesse avançaria à próxima fase da competição. E a Argentina venceu: 3 a 1, com gols de Guillermo Stábile duas vezes e um de Mario Evaristo. Guillermo Subiare marcou o único gol chileno na partida. A Argentina chegou a seis pontos e classificou-se para a semifinal
30/julho: Uruguai 4x2 Argentina (final)
A decisão no estádio Centenário marcava duas importantes marcas: o primeiro confronto entre Uruguai e Argentina em uma Copa, uma das maiores rivalidades do futebol na época, além da primeira final de uma Copa do Mundo. Os portões do estádio foram abertos às 8 da manhã para o jogo que começaria apenas às 15h30. O público de 93 mil pessoas lotou o estádio esperando uma vitória da Celeste Olímpica.
Os uruguaios abriram o placar com Pablo Dorado, aos 12 minutos. Carlos Peucelle empatou para a Argentina, aos 20 minutos. A Argentina ainda virou o jogo, com o artilheiro do campeonato, Guillermo Stábile, aos 37 minutos do primeiro tempo. No segundo tempo, foi um massacre uruguaio. Pedro Cea empatou para os donos da casa aos 12 da etapa final. Santos Iriarte virou para o Uruguai, aos 23. E aos 44 minutos, Héctor Castro determinou o placar: 4 a 2 e Uruguai como primeiro campeão do mundo.
Copa de 1934
Não houve.
Copa de 1938
Não houve.
Copa de 1950
2/julho: Uruguai 8x0 Bolívia (fase de grupos – grupo 4)
O grupo, que tinha quatro times, acabou ficando só com dois. Turquia e Escócia desistiram de participar da Copa. Assim, o jogo entre as duas equipes valia a classificação – e o Uruguai massacrou e avançou. Oscar Miguez marcou três gols, Juan Alberto Schiaffino marcou dois, Ernesto Vidal, Julio Pérez e Alcides Ghiggia marcaram um gol cada.
16/julho: Uruguai 2x1 Brasil (fase final)
O jogo era considerado uma barbada. O time brasileiro chegou à final com campanha notável: quatro vitórias e um empate. Na fase final, que reuniu os campeões dos grupos em um quadrangular, o Brasil venceu a Suécia por 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1. O Uruguai tinha vendido a Bolívia por 8 a 0, mas empatou por 2 a 2 com a Espanha e venceu apertado a Suécia por 3 a 2. O Brasil chegou um ponto à frente do Uruguai, precisando só de um empate para ser campeão do mundo pela primeira vez. O título era considerado certo.
O Brasil ainda conseguiu marcar primeira, para alegria das quase 200 mil pessoas presentes no Maracanã. Friaça, aos dois minutos do segundo tempo, deu a vantagem ao Brasil – que, naquela época, jogava com o uniforme todo branco. Aos 21, o Uruguai empatou com Juan Alberto Schiaffino. E foi aos 34 minutos que veio o lance que ficaria na memória do futebol brasileiro. Alcides Ghiggia marcou, em falha do goleiro brasileiro Barbosa, e o Uruguai ficou com o título. O jogo ficou conhecido como Maracanazzo, uma das maiores zebras da história do futebol.
Copa de 1954
Não houve.
Copa de 1958
Não houve.
Copa de 1962
30/maio: Uruguai 2x1 Colômbia (fase de grupos – grupo 1)
Era a estreia dos dois times naquela Copa. E o Uruguai, bicampeão do mundo, conseguiu se impor e vencer. Francisco Zuluaga, porém, abriu o placar para os colombianos, aos 19 minutos. José Sasía, aos 11 do segundo tempo, empatou e Luis Cubilla virou para o Uruguai aos 30 minutos. A vitória acabaria sendo a única do Uruguai na competição e acabaria eliminado na primeira fase, com apenas dois pontos. A Colômbia conseguiu marcar só um ponto: um espetacular empate por 4 a 4 com a União Soviética, mas foi igualmente eliminado na primeira fase.
13/junho: Chile 2x4 Brasil (semifinal)
Estádio Nacional de Santiago, semifinal de Copa do Mundo. Jogar contra o time da casa nessa situação não é missão das mais fáceis. O Brasil era campeão do mundo e tinha um jogador que vinha desequilibrando a seu favor. O infernal Mané Garrincha decidiu contra a Inglaterra, nas oitavas, e já vinha jogando bem no campeonato todo. Novamente, o camisa sete do Brasil decidiu: marcou dois gols, assim como o centroavantee Vavá, e garantiu a vitória por 4 a 2. Jorge Toro e Leonel Sánchez marcaram para o Chile, mas foi inútil. O Brasil chegava à sua segunda final de Copa consecutiva, e o Chile decidiria o terceiro lugar.
Copa de 1966
Não houve.
Copa de 1970
14/junho: Brasil 4x2 Peru (quartas de final)
O grande time brasileiro teve um desafio sul-americano durante a Copa do México. Depois de passar como campeão do grupo 3, com três vitórias em três jogos, o time enfrentou o Peru, segundo do grupo 4, nas quartas de final. E aquele que talvez tenha sido o melhor Peru de todos os tempos não era páreo para o Brasil. Rivelino e Tostão marcaram 2 a 0 para o Brasil e Alberto Gallardo diminuiu. Tostão marcou 3 a 1, Teófilo Cubillas diminuiu para 3 a 2, mas Jairzinho, o furacão da Copa, fechou o placar em 4 a 2, em um jogo difícil, apesar do placar.
17/junho: Uruguai 1x3 Brasil (semifinal)
A semifinal chegou e um dos confrontos mais marcantes da história dos sul-americanos foi jogado naquela tarde no estádio Jalisco, em Guadalajara. O Uruguai chegou como segundo do grupo 2, que teve a Itália como líder. Eliminou a União Soviética nas quartas de final na prorrogação, por 1 a 0. O jogo foi duro – em todos os sentidos. Luis Cubilla marcou primeiro para o Uruguai, mas Clodoaldo, Jairzinho e Rivelino marcaram para o Brasil, na vitória por 3 a 1.
O jogo ainda teve um dos lances mais famosas da história das Copas. Pelé recebeu lançamento de Tostão e driblou o goleiro uruguaio com o corpo, deixando a bola passar de um lado para pegar do outro e bater de primeira para o gol vazio. A bola saiu, vagarosamente, tornando-se um dos gols perdidos mais famosos da história. E o Brasil estava na final da Copa.
Copa de 1974
30/junho: Argentina 1x2 Brasil (segunda fase – grupo A)
Segunda fase da Copa e Brasil e Argentina se enfrentaram na segunda rodada do grupo A. Somente o campeão do grupo iria à final. O Brasil tinha vencido a primeira partida e precisava da vitória para continuar na briga pelo primeiro lugar. E o Brasil venceu: Rivelino e Jairzinho marcaram para a Seleção, com Miguel Ángel Brindisi fez o gol argentino. O Brasil chegaria à última rodada para enfrentar a Holanda e acabaria derrotado pelo time de Johan Cruijff e seria eliminado.
Copa de 1978
14/junho: Peru 0x3 Brasil (segunda fase)
Segunda fase da Copa do Mundo. O Brasil enfrentou o Peru como favorito na primeira rodada em Mendoza. E venceu com autoridade: 3 a 0, gols de Dirceu, duas vezes, e Zico, de pênalti. A diferença de “apenas” três gols faria diferença ao final dessa fase.
18/junho: Argentina 0x0 Brasil (segunda fase)
Jogo nervoso, truncado e com clima de guerra. Dois países rivais, vizinhos e sob ditaduras militares que usavam o esporte como símbolo nacional. Com o detalhe que a Argentina, até então sem nenhum título, via seus dois rivais já com títulos – Uruguai, bicampeão, e Brasil, tricampeão. Jogando em casa, a pressão era forte. E a batalha de Rosario, como ficou conhecida essa partida, teve muitas pancadas e pouco futebol. No fim, placar de 0 a 0 e nada definido em termos de classificação.
21/junho: Argentina 6x0 Peru (segunda fase)
O mais polêmico jogo daquela Copa do Mundo, ao menos para os brasileiros. Na última rodada, o Brasil jogou mais cedo, venceu a Polônia por 3 a 1 e esperava o resultado do jogo da Argentina contra o Peru. Se a Argentina vencesse por até 3 a 0, o Brasil avançaria pelo saldo de gols melhor. A Argentina então massacrou, fez 6 a 0, com gols de Mario Kempes, duas vezes, Açberto Tarantini, Leopoldo Luque, duas vezes e René Houseman. E se classificou, eliminando o Brasil, que acabaria a Copa invicto. A polêmica se estabeleceu porque há rumores que os perunaos teriam entregue o jogo. O goleiro do Peru, Ramon Quiroga, é argentino naturalizado peruano, o que aumentou a especulação. Argentinos e peruanos sempre negaram qualquer marmelada.
Copa de 1982
2/julho: Argentina 1x3 Brasil (segunda fase)
Alguns poderiam considerar uma revanche por 78, mas o jogo era só mais um da segunda fase da Copa da Espanha, que tinha um grupo com três timaços: Brasil, Itália e Argentina. A Argentina tinha Diego Maradona, na sua primeira Copa do Mundo. Era a segunda rodada e a Argentina já tinha perdido da Itália por 2 a 1 na primeira rodada e uma derrota significaria eliminação. O Brasil venceu por 3 a 1, gols de Zico, Serginho e Júnior. Ramón Diaz descontou para os argentinos, que acabaram eliminados com o resultado.
Copa de 1986
16/junho: Argentina 1x0 Uruguai (oitavas de final)
Estádio Cuauhtémoc, Puebla. Argentina e Uruguai se enfrentaram, com a seleção albiceleste com o favoritismo. Não só pela campanha – foi primeira no grupo A enquanto o Uruguai foi só o terceiro do grupo E –, mas porque tinha Diego Maradona. A Argentina acabaria vencendo por 1 a 0, gol de Pedro Pasculli, e os uruguaios ficaram pelo caminho novamente, desta vez frente aos rivais sul-americanos.
Copa de 1990
24/junho: Brasil 0x1 Argentina (oitavas de final)
O Brasil de Sebastião Lazaroni chegou as oitavas de final sem empolgar. Um time instável, que enfrentou uma Argentina que não era tão forte, mas ainda tinha Diego Maradona. E sem jogar bem, o Brasil viu Maradona conduzir a bola pelo meio-campo, driblar três jogadores e tocar para Claudio Caniggia, aos 35 minutos do segundo tempo. Os então campeões do mundo eliminaram os tricampeões, que continuavam na fila.
Copa de 1994
Não houve.
Copa de 1998
27/junho: Brasil 4x1 Chile (oitavas de final)
O badalado Brasil do então jovem e já craque Ronaldo enfrentou o Chile de Ivan “Bam Bam” Zamorano e Marcelo Salas. A Seleção, embora superestimada, fez um ótimo jogo no Parc des Prices, em Paris, e venceu com dois gols do volante César Sampaio e dois de Ronaldo, um deles de pênalti. Salas marcou o único gol do Chile, que voltaria para casa nessa fase, sem choro nem vela. O Brasil de Zagallo seguia em frente.
Copa de 2002
Não houve.
Copa de 2006
Não houve.

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